Matino

- Belinda, faz o café pra mim? – Tom pediu manhoso, enquanto se espreguiçava na cama ao lado

- E trazer na cama?! – perguntei irônica

- Uhum – ele respondeu com aquele jeitinho infantil dele

- Ô menino preguiçoso! Tom, você tem que aprender a viver sem mim.

Dito isso, Tom saiu de sua cama e veio para a minha, se cobrindo com o meu edredom.

Era incrível o quanto ele se parecia comigo; éramos idênticos. Parecidos no estilo, nos gostos, no jeito...

- Como podemos ser tão iguais?! – perguntei, traçando o contorno de seu rosto com a ponta dos dedos.

- Claro, somos gêmeos. – ele respondeu sorrindo, alisando meus cabelos

Me aconcheguei em seu abraço e fechei os olhos para aproveitar melhor o momento, pois isso é o mais perto que posso chegar dos meus sonhos mais sórdidos.

Ele deu um beijo em minha testa e sussurrou meu nome:

- Belinda...

- Hum? – respondi com os olhos ainda fechados.

- Por favor...

- Ah não, Tom! Está frio lá fora.

- É, eu sei. Por isso que eu não quero ir.

- Ah é, seu safado?! Você quer que eu levante pra você em um frio desses?

- Na verdade eu não queria que você fosse, sabe, você é um ótimo aquecedor. Mas como um de nós tem que se sacrificar...

- Ah, que legal! Arranjei uma profissão: aquecedor – disse rindo

- Não! Você é meu aquecedor particular; meu e meu. Sim, sou egoísta.

Me limitei a rir. Tom me apertou mais em seu abraço. Tão perto que nossas pernas roçavam uma na outra, e minha respiração estavam se transformando em um ofegar. E antes que o Tom percebesse, me levantei da cama e calcei meus chinelos.

- Vai a onde? – ele me perguntou

- Preparar o nosso café da manhã. Sozinha, sem ninguém, só eu e a solidão naquela cozinha.

- Belinda, pára de drama. Eu vou com você.

Ele se levantou da cama e vestia apenas a sua boxer preta com listras cinza escuro. Assim que se pôs de pé, todos os pêlos de seu corpo se arrepiaram.

- Que frio! – ele protestou

Não respondi. Estava estática. Não que eu não tenha nunca visto o Tom de boxer, pois isso eu já estou cansada de assistir. Mas toda vez que o vejo assim, com o seu corpo tão próximo do meu, vestindo apenas uma boxer... Os pensamentos e desejos mais pervertidos, mais insanos, mais sórdidos, tomam conta de mim. Não poder tocá-lo, não poder beijá-lo, não poder realizar todos os meus desejos e pensamentos. Tão perto e tão longe; inalcançável. Tudo isso porque ele é meu irmão. Irmão!

- Vamos Belinda – Tom me chamou já vestindo um moletom velho e conhecido.

- Aham... Vamos!

- Não está com frio?

Olhei meu corpo e a única coisa que eu vestia, era uma camisola rosa com bolinhas pretas. De repente, como um baque, o vento frio bateu na minha pela, de forma que parecia estar cortando-a. Era como se eu tivesse me lembrado do frio.

Assenti positivamente com a cabeça e peguei um casaco duas vezes maior que eu, parecia um vestido em mim.

- Você adora usar minhas roupas, não é?! – Tom perguntou com um sorriso, olhando seu casaco em meu corpo

- Uhum... Por quê? Não gosta?

- Sim, eu gosto. Gosto de vê-la assim.

Respondi com um sorriso e o levei para a cozinha, puxando-o pela a mão.