domingo, 16 de maio de 2010

7 º Capitulo : O Outro Dia..

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- Belinda? O que faz aqui? – minha mãe levou um susto a me ver na porta de sua casa às 00h50min.

- Posso entrar? – perguntei com a voz embargada de sono.

- Claro. Essa casa sempre será sua querida! – ela me tomou em seus braços e me levou ate a sala.

Sentei-me em um dos sofás creme, que completava a decoração da sala, e agarrei-me a uma almofada marrom. Meus olhos pesavam pelo o sono e o choro contido.

Simone me observava sem fazer uma única pergunta. Era isso o que eu mais gosto na minha mãe. Ela não lhe pressiona a contar nada. Ela respeita o seu espaço. Eu poderia ficar ali por anos e ela não iria fazer uma pergunta sequer.

- Seu quarto continua do jeito que você deixou. – ela disse, quebrando o silêncio.

- Estou com um pouco de dor de cabeça. – reclamei.

- Pode ir ate o seu quarto, que eu irei lhe preparar um chocolate quente e levarei algum medicamento.

- Obrigada. – agradeci com um leve sorriso.

- Não há de quê, querida. – Simone respondeu, afagando meus cabelos e indo em direção a cozinha.

Subi as escadas levando as malas comigo. As rodinhas batendo em cada degrau, produzia um barulho irritante, mas eu não me preocupava com isso. Após ter chegado ao segundo andar, fui direto para o meu quarto e ele ainda continuava do jeito que eu deixei há cinco anos atrás. Os mesmo pôsteres de bandas antigas, ainda o ursinho em cima da cama, e os mesmos lençóis rosa. Joguei-me sobre a cama, e sorri com o cheiro de roupa limpa. Era bom estar em casa de novo.

- Querida, posso entrar? – Simone perguntou após duas batidas na porta

- Claro mãe.

Ela trazia consigo uma bandeja prateada, com uma caneca preta e ao lado um prato com os biscoitinhos de leite.

- Ah, mãe, eu não acredito! Eu amo esses biscoitos. – me sentei na cama. Minha boca se enche d'água, com o aroma que invadiu o quarto.

- Eu sei. Você acha que eu esqueci os seus gostos?

- Obrigada.

Ela colocou a bandeja na minha frente. Coloquei um dos biscoitos em minha boca e deixei derreter. Com os olhos fechados apreciei o sabor, que veio acompanhando com lembranças antigas.

Abri os olhos rapidamente, e percebi que o choro já havia se libertado. As lágrimas eram quentes quando rolavam pela a pele fria de meu rosto.

Minha mãe me olhava sem graça, franzindo o cenho.

- Você quer ficar sozinha, não é mesmo?! Qualquer coisa me chama. – Simone disse, deixando-me só naquele quarto.

Ao lado da caneca preta, que havia o leite quente com açúcar caramelizado, estava uma cartela de paracetamol. Tomei o remédio e em seguida o conteúdo daquela caneca.

Aqui não era o melhor lugar para esquecê-lo, mas eu não queria esquecer aquele que tanto amo. Por mais que as lembranças me trouxessem tristeza, ao mesmo tempo me fazia feliz. Porque era bom lembrar o que eu vivi ao lado dele, por mais que agora nunca mais estaremos juntos.

Adormeci com sua risada em minha mente, adormeci com o coração acelerado lembrando tudo o que havia acontecido entre nós. Desde os nossos onze anos de idade – que eu me lembro com clareza – ate a noite em que passamos juntos. A melhor noite da minha vida.

Acordei com batidas na porta. Olhei o relógio ao lado, e mesmo com a visão embaçada, vi que já era quase 12h00min.

- Entra... – disse com a voz sonolenta.

- Belinda, telefone. – era a Simone.

- Quem é? – perguntei me sentando na cama, colocando a mão sobre os olhos, impedindo a claridade.

- Tom. Ele está ligando de 5 em 5 minutos, desde 10h00min da manhã.

- Eu não vou falar com ele. – respondi ríspida.

- Você ouviu. – Simone disse ao aparelho de telefone. Depois de um tempo ela respondeu – Ok.

Simone apertou um botão no telefone – que eu deduzi ser o vivavoz – e logo a voz grave do Tom ecoou no quarto.

- Belinda! Atende logo a porra desse telefone, se não eu juro que pego o primeiro vôo para ai e você terá que falar comigo por bem ou por mal.

Peguei o telefone de má vontade. Eu não ia contrariar Tom . Não duvido nada que ele venha mesmo para cá . Simone saiu do quarto, fechando a porta.

- O que você quer? – perguntei seca.

- Você aqui. No nosso quarto. Na minha cama. Agora! – ele disse cada palavra, lentamente, a voz dura.

O silêncio se fez presente.

Minhas pernas bambearam e meu coração deu uma batida forte, ao ouvir tais palavras. Minha vontade agora: é de ir embora daqui e voltar o mais rápido possível. Entregar-me a ele, sem medo e sem pudor. Sentir o seu cheiro misturado com o meu. Ouvir sua voz ecoando junto a minha. Sentir seus lábios na mesma sintonia que os meus. Eu queria ser dele.

- Belinda, escute. Eu te quero aqui e não te quero como minha irmã. Eu te quero como minha mulher. Será que eu não deixei isso bem claro?!

Continuei calada. Minha cabeça parecia dar mil voltas e não sair do lugar.

- Belinda... Por que você se foi? – ele perguntou com a voz triste, onde era possível perceber o início de um choro.

- Será que você não entende uma coisa que está explícita? – respondi nervosa.

- ... Quê?

- Tom, nós somos irmãos. E, além disso, somos irmãos gêmeos. "Você sabia que poderíamos ser presos por isso?! Isso é errado, doentio, absurdo, impossível, anormal, isso é... Completamente imoral". Foi você mesmo quem disse isso.

- Ok, eu sei que disse tudo isso. Mas eu estava confuso, era tudo muito... Belinda... Eu pensei que depois do que aconteceu aqui, nada mais nos impediria.

- Você irá querer viver em uma mentira? Com medo de descobrirem? Sempre escondido em quatro paredes? Correndo o risco de ser preso? – perguntei, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia.

- Por você sim. – ele respondeu sem hesitar.

- Você diz isso agora, mas depois... Tom, tudo o que eu mais quero é a sua felicidade. E você nunca conseguirá ser feliz ao meu lado.

- Belinda, nada disso importa pra mim. Eu quero você.

- Mas eu não quero você! – respondi ríspida, mostrando-me forte.

Mais uma vez o silêncio pairou.

Apenas cinco palavras, mas que me fez desmoronar. Com certeza, aquilo doeu muito mais em mim. Eu o queria. O queria mais que tudo. Eu queria gritar "Tom, eu te amo", mas eu sabia o quanto aquilo iria prejudicá-lo. E eu sei que essa é a coisa certa a ser feita. E um dia ele irá me entender.

- Ok... Desculpe-me ter feito perder seu tempo. Se tivesse dito isso antes, não iria insistir. – ele respondeu, com a voz engasgada. Eu havia feito-o chorar. E desligou o telefone logo em seguida.

- Me desculpe – murmurei, para o sinal repetitivo que vinha do outro lado da linha, indicando um telefone desligado.


A Radio que vai dominar o meu, o seu, o nosso mundO!

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1 Response to 7 º Capitulo : O Outro Dia..

Anônimo
23 de outubro de 2011 às 01:17

continuaaaa ta mt bom!

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